tag:blogger.com,1999:blog-33775847451036610402024-02-20T03:50:00.038-08:00mentiriaCarloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-11318474222764254152016-10-10T15:54:00.001-07:002016-10-10T15:54:35.814-07:00<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b> Lítio </b></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b> Escuridão noturna ,não há luz e não consigo enxergar a imensidão ,tomo lítio pela manhã e ameniza minha depressão e fortalece meu antidepressivo ,já não penso em morte ou cair de um abismo .Há um sol eu enxergo a brisa saio para caminhar e vejo que não estou sozinha </b></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b> Priscila Lima Oliveira </b></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b> Biblioteca Malba Tahan </b></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-30087361771963477162016-07-04T10:26:00.000-07:002016-07-04T10:26:07.217-07:00Vocacional Literatura - Narrativa Coletiva 1Chegou apressado em casa, fugindo da chuva que se iniciava. Quando abriu a portaCarloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-30058239501033323422011-05-18T06:17:00.000-07:002011-07-05T07:11:48.756-07:00Andar com Fé, de Francisco GlauterAntes mesmo de sua estréia tive o privilégio de ver em primeira mão o novo trabalho de Francisco Glauter.<br />O videoasta (ou como queiram chamar os entendidos) cearense, radicado em São Paulo, depois de cinco ficções, finalizou agora seu primeiro documentário.<br />A mesma concisão aprendida nos curtas anteriores está presente também nesse trabalho.<br />Andar de Fé mostra o retorno de Glauter à sua terra natal. Esse retorno, no entanto, adquire caráter analítico pelo recurso à linguagem artística.<br />Em Juazeiro a câmera do diretor aproxima-se o mais que pode dos peregrinos que afluem até a grande estátua do Padre Cícero e perscruta em rápidas micro-entrevistas seus motivos - ou ainda, um leitmotiv para o próprio filme.<br />Entremeadas a essas passagens estão as palavras de Dona Quitéria de França, uma requisitada cantadora religiosa da região, que narra sua vinda com toda a família, numa viagem de dezenas de dias, a pé, até Juazeiro décadas atrás.<br />O mais bonito do filme, além de sua segurança técnica, é a maneira como Glauter permite a interferência de seus "personagens" numa opção documental mais próxima de Raymond Depardon que de Eduardo Coutinho.<br />Creio que o cinema de Glauter conheceu aqui, pela primeira vez, uma universalidade mais completa - essa universalidade da oralidade, da narrativa livre, verdadeira, pela qual o filme se deixa levar.<br />Também merecem destaque a luminosa fotografia, auxiliada pelos ainda típicos sol e ar do Cariri, e a trilha original composta para rabeca por Dalton Martins (eu preferiria algo menos tradicional).<br />Glauter está editando seu primeiro longa, também documentário. Penso que esse é um caminho para mais chances a esse valoroso realizador independente de uma devida maior visibilidade.Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-44119842008806736842010-08-23T08:04:00.000-07:002010-08-26T04:45:19.937-07:00Núcleo Expressões<div align="justify">O segundo trabalho do coletivo Núcleo Expressões, Cinegético, lançado em evento este sábado, aprofunda questões propostas no vídeo anterior.<br />O grupo, formado por artistas de diferentes áreas (dança, literatura, vídeo, fotografia, música e teoria – esta última representada por Jimmy Brandon, que palestrou sob o mote “a estética de seu tempo” para abrir a noite) em seu projeto de estréia, Movimento, pesquisa a - ainda bastante desconhecida no Brasil - linguagem da vídeo-dança.<br />O centro de interesse de Movimento é a relação cotidiana do corpo com o espaço urbano.<br />Se no primeiro vídeo explorou-se o aspecto doméstico dessa relação, com os bailarinos/atores dentro de uma casa numa manhã qualquer, agora a exploração parte para além das residências rumo aos intrincados caminhos da grande cidade, onde, como diz Itamar: “não há saídas, só ruas, viadutos e avenidas”. Essa mudança resultou num trabalho menos linear e cinematográfico e mais performático, o que certamente aponta para experimentações cada vez mais livres. </div><div align="justify">Em Cinegético, o corpo abandona sua passividade para questionar o espaço através de uma atitude física desautomatizada. Os bailarinos assumem uma dupla experiência, como performers de um evento real (as intervenções para as filmagens acontecem sem que os figurantes/transeuntes tenham sido avisados) e como personagens de uma obra.<br />É muito perceptível a contribuição de cada um dos artistas envolvidos e sua importância para o conjunto. Sem hierarquização, o diálogo entre as diferentes “expressões” concorre para uma coerente condensação reflexiva, com muita sutileza e equilíbrio.<br />Depois de assistirmos a Cinegético, e esta é uma impressão de todos os que viram sua estréia, conforme conversa com o coletivo no final do evento, parece-nos que a hibridação das artes é uma boa resposta para ao mecanismo social contemporâneo baseado na convergência descriteriosa de todas as coisas.<br />Mais em:<br />onucleoexpressoes.blogspot.com (página em construção)</div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-75629850118978913442010-08-10T05:05:00.000-07:002010-10-26T03:32:32.096-07:00Carne - KIWI<div align="justify"><br />Foi com algum receio que assisti a estréia paulista do espetáculo da Cia KIWI, Carne, num congresso feminista dentro do colégio interno Pio XI, na Vila Madalena. Receio por dois riscos comuns ao teatro político/crítico/reflexivo: didatismo e complicação (o que é diferente de complexidade) discursiva.<br />Ao final, no entanto, grata surpresa, o que pude ver foi uma montagem muito equilibrada em que o referencial teórico implícito não sobrepuja uma boa organização imagética.<br />Todas as coisas estavam lá para alívio do público: a informação (crítica, denunciante) e a plasticidade de uma boa obra de arte – junção que ainda que pareça fácil tem sido das mais raras.<br />A proposta da KIWI é uma pesquisa, pela ação teatral, a respeito das relações entre capitalismo e patriarcado (o que necessariamente leva o grupo a destacar a mercantilização generalizada e os múltiplos exercícios de poder que regem a ordem social).<br />A mulher, centro do espetáculo, é vista de fora para dentro, por meio da explicitação de um enorme conjunto de símbolos que determinam sua experiência.<br />A encenação/representação, um tanto anti-teatral, mescla ainda linguagem jornalística, em leituras diretas de matérias sobre violência contra mulher, projeções visuais, canções reinterpretadas e excelente sonorização ao vivo criada por Eduardo Contrera.<br />Direção de Fernando Kinas, com Fernanda Azevedo e Mônica Rodrigues.<br />Ao final, de acordo com as intenções do projeto, há uma conversa temática com o público.</div><div align="justify"></div><div align="justify">Ver: <a href="http://www.kiwiciadeteatro.com.br/">www.kiwiciadeteatro.com.br</a></div><div align="justify">Youtube: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=MavuUUbu440">www.youtube.com/watch?v=MavuUUbu440</a></div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-68275823928445315792010-07-05T05:04:00.000-07:002010-07-05T05:05:06.570-07:00quando roberto piva morrer<br />haverá uma inundação<br />uma nova ausência<br />a falência de uma multinacional<br />um coro de elefantes na áfrica<br />ninguém mais morrerá nesse instante<br />depois tudo voltará ao silêncioCarloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-4042671527944762032010-06-02T04:18:00.000-07:002010-06-02T04:20:11.397-07:00Para os ouvidos:www.myspace.com/haybandaCarloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-26596083351504479692010-04-29T05:18:00.000-07:002010-10-26T03:36:55.708-07:00Bastardos Inglórios<div align="justify">Truffaut dizia não entender o raciocínio segundo o qual mostrar a violência faz com que as pessoas se voltem contra ela. Daí seus filmes.<br />Tarantino é um terceiro caso. Seus filmes não estão falando da violência, seja como contestação ou não. </div><div align="justify">A violência nesse cinema é parte natural (ver Natural Born Killers) de uma paisagem escolhida por onde desfilam aspectos sombrios - estes sim a base de seu discurso - de uma mesma humanidade. O que há de grande em seus trabalhos não é a destreza em jorrar sangue na tela de maneiras inovadoras - opção plástica de um cineasta formado por westerns e filmes chineses - mas, ao fazer isso, fazer outra coisa. </div><div align="justify"><br />Tarantino, com seu virtuosismo roteirístico (sem dúvida um dos melhores dialoguistas contemporâneos, mestre do subtexto que tem seus diálogos elogioados por Roger Ebert) também está o tempo todo tratando de cinema, pela explicitação da autoria (como fundou Godard e sua trupe). É de novo o cinema consciente de si mesmo. Bastardos Inglórios é um filme auto-referente e que faz desse recurso um procedimento artístico de grande qualidade, de efetivo resultado. Há por exemplo um personagem que tem uma tese sobre o subtexto nos Irmãos Marx.<br />Aqui também não há bons e maus - a exemplo de Kieslowski - como nos outros filmes do cineasta. Há humanidade em suas nuances mais intensas. Tarantino substitui o comum alterego (promovido bastante por Truffaut) pela multiplicidade de representações que na verdade todos somos.<br />Bastardos Inglórios dá ao cinema a superação da História ao eliminar Hitler, seus ministros e os futuros horrores da segunda guerra. E o faz poética e metalinguisticamente, quando um negro ateia fogo aos rolos de filmes inflamáveis na première nazista.<br />Coisa boa saber que o cara ainda é jovem e vem mais por aí. </div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-84620291732863342782010-04-15T05:57:00.000-07:002010-04-15T06:07:47.661-07:00Refém das Idéias - Estréia de Gracco OliveiraPoetas jovens deixaram de ser comuns, o que parece ser sintomático e apontar para problemas em que Gracco toca.<br />Essas as duas primeiras surpresas imediatas: os 20 anos do autor e sua criticidade múltipla.<br /> Os poemas de Gracco operam bastante pela ironização de chavões ao invertê-los demonstrando a fragilidade esquemática de suas afirmações. Aqui “A Prece” diz “não nos deixeis / cair em tentação / e livrai-nos da religião / amém!”; “o Ministério da Saúde adverte / mentira faz mal ao caráter”; e duvida-se que “no princípio era o verbo?”.<br /> Estamos, em boa parte do livro, diante do poema-joguete, do verso-tirada, herança (consciente?) da poesia de desbunde setentista. <br /> Outras semelhanças com os desbundados são o sintetismo e o radicalismo das opiniões.<br /> Também é grata surpresa encontrar no autor, além de um pungente lirismo – emocionante em diversos momentos – uma anti-poesia ousada, menos impositiva que Marianne Moore ou Kaváfis, mas mais despojada, narrativa e em sutil equilíbrio, talvez bandeiriano: “Dizem que ele ameaçou o motorista - / por esse não ter parado no ponto – dias / antes de ser atropelado". Em alguns poemas o combate ao cânone imagético ocidental é direto: “As janelas não matam a sede. / O infinito exige, no mínimo, / uma varanda”<br /> A última parte do livro, que graficamente não se separa das demais por nenhuma demarcação, contém as páginas menos consistentes/empolgantes de Refém das Idéias. Temos poucos Poetas políticos de maneira geral, e Gracco perde-se um tanto nessa velha empreitada – em parte pela visão tradicionalista e generalizante (apesar de sua aparente pessoalização do marxismo) e em parte porque política, ao menos a macropolítica a que ele se refere, não é assunto – não me desculpem os opositores – muito poético.<br /> Há ainda que se comentar o caso dos sonetos, que surgem num grupo de 5 no livro. O soneto por si só perdeu prestígio e primazia há pelo menos um século. O que ainda lhe resta de interessante sãos as poucas transgressões discursivas (visto que formalmente está encerrado (?)), como as propostas por Glauco Mattoso. No caso de Gracco servem no mais para tornar o livro mais diverso, mais pós-moderno do que sem eles seria.<br /> Refém das Idéias é raro em vários sentidos: por existir, publicado, num país (numa cidade!) em que bons livros viram pó ou qualquer coisa jamais lida; por ser autoral entre uma onda (inclusive virtual, e espetacular no atual retorno dos sarais) de plágio compulsivo coletivo; por ser uma aposta, ainda – o que confirma sua revisão assumida por Reni Adriano.Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-65108420751539614302010-03-09T06:08:00.000-08:002010-04-16T03:44:28.051-07:00EscrituraAo escritor é necessária a escritura como uma lâmina que descesse sobre o tempo repartindo-o para que se possa prová-lo aos bocados, bolo. Escrever é fundamentalmente confrontar o tempo.<br />Escritores por toda a história da literatura alegaram diferentes motivos para seus trabalhos (há uma bela seleção de algumas dessas declarações editada pela Escrituras sob o título Porque Escrevo?), mas estas duas coisas estão além de suas alegações: não se escreve sem tempo e sem trabalhar.Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-25246143468371828672010-01-29T05:37:00.001-08:002010-01-29T05:41:42.212-08:00Piva Urgente!!!Roberto Piva, um dos maiores poetas brasileiros ainda vivo está internado no Hospital das Clínicas em condições indignas depois de passar mal e ter diagnosticadas insuficiência renal e cardíaca.<br />Será submetido à alguns procedimentos médicos e precisa de grana para os dias pós-operatórios.<br /><br />Roberto Lopes Piva<br />CPF: 565 802 828-00<br />Banco Itaú<br />Agência 0036<br />C/C: 20592-0Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-13866642254397224332009-12-08T07:28:00.000-08:002009-12-08T07:29:59.600-08:00Gênero PoesiaPoesia não é questão de gênero. Desde Safo, ao menos, esta que é a linguagem escrita mais experimental ultrapassa todos os sexos, todas as vertigens.<br />Por mais que tenha havido um predomínio masculino sobre esta arte pelo decorrer dos séculos, ela não se masculinizou definitivamente, deixando a “culpa” de tal evento às razões da história.<br />Dentro das grandes revoluções que modificaram o mundo a partir do século XVIII, entre as quais sem dúvida, como propõe Hobsbawm, a maior foi a revolução feminina, a palavra poética voltou a ser ouvida das mulheres até sua grande ovação com o Nobel concedido a Gabriela Mistral em 1945. <br /> Mas na verdade as mulheres nunca deixaram de produzir poesia. Santa Tereza D’avila no séc. XVI e Emily Dickinson no XIX são dois dos melhores exemplos.<br /> Como dito no começo, mais importante que o problema do gênero, do qual já tratam as ciências sociais, está para a poesia a questão de si mesma. Poesia é questão de poesia. E se ela faz referência alguma vez ao sexo de seus autores é apenas por necessidade expressiva própria, por funcionalidade discursiva, claro, numa análise estética/plástica como esta, que para toda arte é no mínimo coerente e, suspeito, a mais adequada.Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-78711286004124182142009-11-23T06:31:00.000-08:002010-05-31T04:05:57.958-07:00O Preconceito Lingüístico, o que é, como se fazVale o registro de um didatismo pertinente:<br /><br />O livro de Marcos Bagno, já cult entre estudantes de letras, é um libelo radical contra o tradicionalismo retrógrado presente na maneira geral de pensar a língua portuguesa.<br /><br />Já no início do livro Bagno registra dois conceitos fundamentais para compreensão do seu discurso: ‘‘‘Existe uma regra de ouro da Lingüística que diz: ‘só existe língua se houverem seres humanos que a falem’. E o velho e o bom Aristóteles nos ensina que ‘o ser humano é um animal político’”.<br /><br />Trata-se, portanto, de uma obra lingüística e, sobretudo, política, que transpõe a demagogia numa opção consciente e parcial.<br /><br />O Preconceito Lingüístico, o que é, como se faz é um livro essencialmente combatente contra as convenções que retardam nossa compreensão sobre a língua que falamos.<br /><br />Marcos Bagno é um assaz observador e encontra, em suas análises, coerentes argumentos de denúncia. Demonstra que perto da modificação contínua da língua a gramática é uma convenção estática, “um igapó”, propondo um franco combate contra os gramáticos tradicionalistas que provocam a mistificação da língua auto intitulando-se os únicos capazes de entendê-la. Faz uso dos Parâmetros Curriculares Nacionais como prova de que as idéias sobre a língua estão se modificando e ressalta a importância dos professores nesse processo. Fala da imensa influência da mídia na perpetuação dos preconceitos. Dá um caráter político-social revelador ao problema da língua.<br /><br />O radicalismo consciente de Bagno está presente até mesmo em sua maneira de escrever, que, afirmando suas posições diante da língua, alcança uma fluidez e um despojamento argumentativo brilhantes e ousados num livro de ensaio.<br /><br />O Preconceito lingüístico nos alerta para o fato de que nossa sociedade necessita redescobrir-se em diversos aspectos para solução de seus problemas.<br /><br />Diferente dos demais preconceitos, que recebem contestação direta das pessoas, o preconceito lingüístico passa despercebido, o que torna mais difícil sua superação.<br /><br />Um livro que dialoga com as tradições sociais da lingüística respeitando os estudiosos, mesmo gramáticos, que aceitam as transformações naturais da língua.<br /><br />Ao nomear seus adversários político-intelectuais, o autor dá ao seu discurso uma legitimidade notável.<br /><br />Mostra-nos como o preconceito é filho ruim da mais resistente ignorância que se ufana de si mesma.<br /><br />Marcos Bagno conseguiu a raridade de conceber um livro, entre tantos os que há, que é necessário. Tanto quanto o foi sua bela carta para revista Veja anexa ao livro.Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-30178635314906288742009-11-13T03:44:00.000-08:002009-11-13T03:52:24.625-08:00Sobre Roberto Piva<div align="justify">O primeiro livro de Roberto Piva, “Paranóia”, hoje considerado seu trabalho mais emblemático, lançado em 1963, inaugurou uma obra que pelos trinta anos seguintes irá refletir sobre as heranças poéticas que atravessaram o século dos poetas brasileiros.<br />Sendo conceitual, apesar de não ser a conceituação o centro de sua poética, tudo o que nos poemas de Piva parece até mesmo prosaico adquire grande intenção e importância discursiva. Dessa forma a violência assumida pelo poeta representa a condição intrínseca de uma obra de arte que nascida de um mundo atroz só pode partir dessa própria violência para que exista. O próprio ato criador torna-se também uma violência.<br />Divididas em três partes distintas, as fases criativas de Piva comentam o passado lírico nacional e apontam - pelo apuro de seus recursos, como poucas outras propostas de poesia recente - para uma nova direção às nossas letras.<br />Roberto Piva exacerba a liberdade adquirida pela poesia brasileira desde a fundação da semana de 22 levando-a a camadas linguisticamente pouco tocadas por poetas anteriores. Sua poesia assimila e reflete a linguagem mais informal, mais comum às esferas mais excluídas do extrato social, remontando as proposições de Manuel Bandeira na primeira fase do modernismo: Bandeira (2008 p. 18) “Quero antes o lirismo dos loucos. O lirismo dos bêbados. O lirismo difícil e pungente dos bêbados. O lirismo dos clowns de Shakespeare. – Não quero saber do lirismo que não é libertação”.<br />Paradoxalmente Roberto Piva encontra também na radicalização das proposições modernistas o declínio de algumas dessas mesmas proposições na sociedade contemporânea e pós-moderna. Piva ultrapassa o intento de uma unidade poética nacional, já estabelecida pelo cânone, para uma unidade universal de cuja tradição a poesia brasileira faça parte. Assim, sua obra flerta com o Movimento Surrealista ao mesmo tempo em que assume traços da estética beat junto a demarcadas influências de obras de poetas brasileiros.<br />Piva abandona também a idéia da formação de um discurso lógico, em função de uma exclamatividade dionisíaca empírica em que o leitor é apresentado a um universo particularmente orgiástico onde a poesia toma para si o sentido de todas as coisas. </div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-46109701667885909642009-06-16T07:02:00.000-07:002009-08-18T03:42:35.628-07:00Cante lá que eu canto cá<div align="justify">Uso propositadamente como título desse comentário o mesmo nome da antologia organizada pelo autor para dizer que petendo menos uma análise que uma louvorosa afirmação da excelência do miraculoso poeta que faria cem anos em 2009.<br />Fenômeno hoje estudado na Sourbonne, os poemas de Patativa são a máxima expressão de uma sensibilidade específica: a do sertanejo da região do Cariri. O reconhecimento e a legitimação de uma poética natural imanente no caboclo.<br />Patativa relaciona-se com sua realidade de maneira tão intensa e criativa que dela recebe pronta a matéria de sua lírica, restando-lhe brilhantemente interpretá-la. Patativa foi lavrador e pai de nove filhos e viveu até noventa e três anos.<br />Como para Manoel de Barros a poesia é para Patativa um dom divino: “não tenho estudo nem arte / minha poesia faz parte / das obras da criação”. E é a divindade que lhe confere, pela relação com a terra, sua sapiência e até mesmo a consciência conceitual da própria poesia: “seu verso é uma mistura / é um tá sarapaté / que tem pouca leitura”, e consciência da piração do processo criativo: "canto as fulô e os obróio / com todas as coisas daqui / pra toda parte que eu óio / vejo um verso se buli / se as vez andando no vale / atrás de cura meus male / quero repará pra serra / assim eu óio pra cima / vejo um diluvi de rima / caindo em cima da terra”. A própria figura de Jesus é colocada como arquétipo primordial do matuto. </div><div align="justify">O Diabo é tão presente e interferente quanto Deus.<br />Repleta de elipses temáticas onde uma coisa convulsivamente chama outra atravessando o espaço-tempo a poética patativiana tem consonância com a liberdade modernista apesar de seu rigor formal de métrica precisa. É também de aspecto modernista a ironização presente em alguns poemas: “fuma o seu cigarro manso / bem perfumado e sadio / já eu aqui tive a sorte / de fuma cigarro forte / feito de paia de mio”.<br />A obra de Patativa é louvor e denúncia da desinformação, onde o sertanejo através de sua ignorância, ora científica, ora política, ora religiosa, é incapaz de compreender o que lhe oprime e ao mesmo tempo torna-se sublime pela simplicidade. O poeta oferece a seus leitores um verdadeiro mapa da mina da vida cabocla. A experiência sertaneja surge como experiência complexa do corpo pelos sentidos.<br />Existem figuras bastante recorrentes em Patativa. Uma delas, a família, é posta como antídoto a dor inerente à vida no sertão. A frustração do projeto familiar representa a danação irreversível do sujeito.<br />A existência de Patativa é um libelo contra a irreversibilidade.<br />Profícuo contador de histórias o poeta possui uma sucinta coerência narrativa. Mais que um fim moral evidente estas histórias são descrições de processos existenciais reveladores.<br />Mesmo o que parece prozaico em Patativa é absolvido pelo seu iletramento, que reivindica para o sertanejo “o sagrado direito de pensar”. É interessante que o poeta apresente uma poética onde o cânone ocidental não penetrou.<br />Quase toda imagem poética de Patativa tem a fisicalidade de uma paisagem natural. Seu amor a terra é tamanho que lhe convence à entrega do próprio corpo: “não dou cavaco de morrer / somente por conhecê / que há tempo tá reservado / in tu meu querido sertão, / o meu quadrinho de chão / pra nele eu sê sipurtado”. Serra de Santana é vital para o poeta.<br />A rima de Patativa não é facilidata por nenhuma obviedade. É extraordinária a originalidade da linguagem dentro de si mesma. Há rimas - e importa falar de rimas por ser um dos pilares dessa poética - extraordinárias: “marmota” com “jeans HJ”; “conteúdo” com barrigudo”; “raio” com “papagaio”.<br />A delimitação temática proposta pelo autor não diminui o valor do conjunto da obra pela perícia de uma análise extensa sobre cada um de seus temas. A exemplo de Florbela Espanca, que encontra em seu mundo próprio a representação completa do mundo exterior. Patativa parece abarcar quase tudo sobre seus temas, além de encontrar para eles significados comuns.<br />Patativa acredita numa ética universal contra a qual se opõe a riqueza. Para ele a má distribuição de renda é anti-religiosa e inaceitável, assim como a religião utilizada como ópio também o é.<br />O poeta sempre se dirige aos doutos numa consciência histórico-social de sua poesia. Está muito bem colocada a distância moral entre campo e “praça” (como ele denomina o espaço urbano). Patativa tem um senso comunitário hiper-desenvolvido. Aqui está o cerne de seu interesse descritivo do campo aos senhores citadinos. A natureza existe como saber alternativo que “qualquer um pode estudá sem sabe o ABC”. “Cante lá que eu canto cá”<br />A beleza feminina aqui é atributo santo tendo sua imagem análoga a dos ídolos cristãos.<br />As raras imagens recorrentes nessa obra, “vida de cativo”, “cova fria”, localizam radicalmente o trabalhador rural como o “matuto agricutô / que trabaia até morrê / pro mundo intero comê / mas ninguém lhe dá valô”, para quem a morte serve como confirmação do sofrimento ao libertar o sujeito de sua terrível sentença.<br />A poética de Patativa apóia-se em oposições extremas que geram através de conflitos constantes sua discursividade característica.<br />Em seus momentos de auto-definição o autor diz-se “poeta da mão grosssa”, "poeta predestinado", “velho do coração novo”.<br />Ele foi um (imagem constante em seus poemas, assim como nos de Orides Fontela) pássaro.</div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-17210442082505302732009-05-11T06:11:00.001-07:002009-05-29T05:18:08.552-07:00Tom Zé existe!Tom Zé esteve sábado, 09 de maio, no Programa Raul Gil, recebendo a "Homenagem ao Artista".<br />Foi a presença artística em toda sua punjança em meio ao espetáculo fake do entretenimento.<br />Foi a tv envergonhada diante do real.<br />Foi Tom Zé, 72 anos, respondendo a afirmação de Raul G. de que ele era um gênio: "Gênio nada, eu sou japonês".<br />Foi Tom Zé chegando com um balde escrito "para chorar no raul gil".<br />Foram pessoas como um professor de Oxford, o coreógrafo do grupo Corpo, falando na tv aberta.<br />A banda estudando a bossa.<br />Tom Zé dizendo: "Agora eu sou artista, vagabundo: Tô no Raul Gil!", e existindo.Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-87645585613877004292009-05-08T04:23:00.000-07:002009-05-08T04:55:58.593-07:00De Lembranças e Fórmulas Mágicas<div align="justify">Otávio Paz diz que a partir da modernidade o poeta está irrevogavelmente isolado, solítário pelo afastamento de seu povo - que já não lhe reconhece como guardador de suas memórias.</div><div align="justify">Edson Bueno de Camargo parece ter encontrado, em De Lembranças & Fórmulas Mágicas, um artifício eficiente para reintegração com seu povo, através da redução de seu contingente ao grupo familiar.</div><div align="justify">Seus poemas, que ao princípio parecem representar unicamente sua memória pessoal demonstram-se, após leitura mais atenta, a memória de sua gente. Unindo assim o "particular ao universal", como ensinam os grandes mestres, sua história reflete a de muitos.</div><div align="justify">O título do livro tem um duplo sentido. É de lembranças e fórmulas mágicas o que Edson diz assim como a maneira escolhida por ele para dizer. Influenciado provavelmente pela poesia oriental, Edson propõe em seus poemas uma extensão formal do hai-kai. Muitos dos poemas iniciam-se com esse modelo de escrita que durante o restante dos versos parece estar sendo comentado, como em <em>"ouvidos de gato": minha vó/com ouvidos de gato/ouvia toda a casa.</em></div><div align="justify">Outra fórmula, ou ingrediente dela, que Edson utiliza é uma unidade temática que funciona como um leitmotiv que atravessa que atravessa todo o livro tornando-o uma peça coerente e homogênea, sectaria de si mesma.</div><div align="justify">Tudo isso é feito sem ingenuidade. Edson vê a família não como um sistema em perfeito funcionamento, mas como uma organização inevitável de onde, além do bem e do mal, se pode ou se deve extrair tudo o que a vida é.</div><div align="justify">Diferente de seu livro anterior, O Mapa do Abismo, que reune poemas da juventude, Edson alcança em De Lembranças... uma admirável consistência em sua linguagem, além de abandonar o simples pessimismo por uma reflexibilidade mais atenta sobre a dinâmica das coisas.</div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-21413109368362235032009-05-05T10:41:00.000-07:002009-05-05T10:55:11.956-07:00A Vez do Raul<div align="justify">Após vinte anos de sua morte, Raul recebeu em São Paulo, durante as celebrações da Virada Cultural, uma grande e devida homenagem, onde todo o seu trabalho foi relembrado em shows ao vivo com importantes ex-parceiros.</div><div align="justify">Um dos maiores criadores da música brasileira em todos os tempos, Raul tem sido ha décadas, mesmo quando ainda vivo, um de nossos mais injustiçados artistas.</div><div align="justify">Desprezado como um rock star periférico e místico fracassado, sua obra foi tomada por grupos fechados que o associaram a imagens limitadoras e ingênuas.</div><div align="justify">Figura múltipla e prolífero criador durante toda sua carreira, Raul foi responsável por fusões sonoras das mais brilhantes já realizadas, além de possuir uma quantidade de letras e melodias absolutas a qualquer bom "ouvidor" nacional.</div><div align="justify">Raul é uma vítima do rock, que talvez precisasse, no Brasil, de um laranja sobre quem triunfar. Ele na verdade ultrapassou desde muito cedo a música americana com sua incrível potência.</div><div align="justify">Definitivamente classificá-lo é, no mínimo, não entendê-lo.</div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-22408626956426570762009-04-23T05:10:00.000-07:002009-04-23T05:21:56.967-07:00Recomendação: Estante do Jimmy<div align="justify">É curioso e estimulante perceber que pessoas sem maiores interesses que promover o conhecimento dedicam-se à escrita virtual com seriedade e competência verdadeiras.</div><div align="justify">Esse é o caso de Jimmy. </div><div align="justify">Pesquisador independente, o jovem mantém desde 2007 uma interessante página onde versa livremente sobre literatura e afins através de conteúdos fluidos e bem realizados.</div><div align="justify">Mais que um bom uso da internet, Jimmy demostra bom uso de suas horas, dedicadas muitas vezes ao estudo.</div><div align="justify">estantedojimmy.blogspot.com </div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-50690446072002204982009-04-16T11:12:00.000-07:002009-04-16T11:24:52.619-07:00Questão de Opinião<div align="justify">O subjetivismo foi fundamental na arte moderna. A opinião, a parcialidade, esteve presente em todas as linguagens artísticas notadamente desde o final do séc. XIX. O advento dos "manifestos" parece ter ratificado este fato.</div><div align="justify">Esta herança/conquista tem sido mal compreendida por alguns de nossos contemporâneos, que demonstram cada vez mais irreflexibilidade aguda e reprodução estéril, como por exemplo o cinema nacional pós Cidade de Deus, a dança contemporânea em sua infinita repetição plástico-discursiva, as artes plasti(fi)ca(da)s.</div><div align="justify">É claro que não trata-se aqui de uma generalização. Há mesmo aqueles que por opinião, expressa claramente em seu trabalho, tratam do fim do discurso, como o Théâtre du Radeau, em Coda.</div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-43940180960741977182009-04-16T09:21:00.000-07:002009-04-16T09:26:53.656-07:00Beth, Clóe<div align="justify">Em entrevista cedida ao Clóe a poeta Beth Brait Alvim oferece preciosas pistas para melhor apreciação de sua poesia.</div><div align="justify">Beth, que após anos de militância poética foi recentemente publicada pela Escrituras, com o livro Visões do Medo, fala, nas duas páginas que ocupa no zine, de maneira tão precisa de assuntos amplamente diversos, que não deixa dúvidas sobre a origem da competente sofisticação de seus versos.</div><div align="justify">É um exemplo de como o poeta contemporâneo refina-se não só pela contemplação artística mas também pela especulação política, social, histórica e filosófica.</div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-86235889331852520292009-04-16T09:12:00.000-07:002009-05-05T06:14:56.646-07:00Orides Fontela<div align="justify">O "hai-kai" que diz <em>só ela/orides fontela/é dela</em> comenta de maneira muito precisa a originalidade essencial do trabalho da poeta paulista, obra densa, vertiginosa e regularíssima, apesar da brevidade de seus poemas, que tem na autoria seu aspecto mais evidente.</div><div align="justify">A reunião das obras completas de Orides pela Cosac e Naify é, mais que um evento editorial, um acontecimento humano notável que se desdobra em tudo o que proporciona a grande poesia: política, reflexão, emoção, pássaros, existência.</div><div align="justify">Há algo em Orides que, como em Clarice, ultrapassa a temática para abertura de sentidos múltiplos e infindáveis, e que advém sobretudo de um mundo interior extremamente complexo. Por isso lê-la nos faz querer também conhecê-la, perdida na miséria e no anonimato em que sempre viveu.</div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-34946626902714169822009-04-02T03:01:00.000-07:002009-04-13T05:58:29.285-07:00Acaso um deus?<div align="justify">Em entrevista de Gular cedida a revista Bravo! (que poderia ter sido melhor), o poeta, entre outras interessantes declarações, afirmou que toda a vida humana é uma luta contra o acaso, que em verdade é a única certeza sob todas as coisas. Assim, a invenção de Deus é o esforço máximo na tentativa de justificar nossa condição desconhecida <em>(De onde vim? O que sou? Pra onde vou?)</em> e o acaso do universo e da vida. Quando a religião afirma que os caminhos de Deus são inescrutáveis ela oferece uma reconfortante razão – através da abstração da idéia de um ser superior que guarda todos os segredos, que um dia nos serão revelados – para nosso desconhecimento.<br />Mas não será também um deus o acaso?</div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-2989457629162522282009-03-24T04:02:00.000-07:002009-04-23T04:45:38.756-07:00Vive L’amour<div align="justify">O diretor tailandês Tsai Ming Liang é um dos cineastas mais surpreendentes da nova geração oriental. Seus filmes possuem uma rara sobriedade plástica através da exploração de recursos como o silêncio, exclusão da trilha sonora e planos imóveis.<br />Em Vive L’amour, por meio de uma trama simples e engenhosa envolvendo algumas chaves, três jovens personagens – um vendedor de urnas funerárias, um camelô e uma corretora de imóveis – vivem, em uma casa vazia, encontros em que tentam em vão superar suas solidões urbanas.<br />Assim como em seu filme anterior, O Rio, Tsai Ming Liang coloca seus personagens por diversas vezes em frente ao espelho, num mergulho vertiginoso dentro de si mesmos.<br />O título do filme funciona como um trocadilho, já que o amor aqui é elogiado através da exposição de sua ausência.<br />Dizer mais não é preciso, pois um filme como este está, sobretudo, para ser visto. Posteriormente Tsai Ming Liang filmou trabalhos mais bem humorados, como O Gosto da Melância, sem no entanto deixar de questionar posturas contemporâneas. </div>Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3377584745103661040.post-25311477971240001152009-03-17T12:03:00.000-07:002009-03-19T03:06:46.243-07:00Ler ArtaudÉ possível que se diga que o mais relevante da obra de Artaud tenha-se diluído em seus comentadores (notadamente Derrida e Sontag) e na experiência assimilada pelo teatro ocidental (principal meio pelo qual refletiu o autor) de maneira geral.<br />Também pode-se dizer o mesmo sobre diversos outros autores (filósofos principalmente).<br />Em Artaud, no entanto, a escrita parece ser realmente a própria obra, na mesma proporção que suas idéias.<br />Artaud foi um dos grandes especuladores da linguagem humana e o conjunto de seus escritos é não somente registro dessa trajetória (que teve início com um livro de poemas e terminou com suas glossolálias) mas a própria trajetória em si, o que nos permite também experimentá-la.<br />Uma obra que foge de classificações, apesar de sua plasticidade, porque não pertence a nossa categorização literária. São palavras loucas do louco talvez mais são que tivemos.Carloshttp://www.blogger.com/profile/17749608310859204062noreply@blogger.com2