Fassbinder foi um esfuziante acontecimento no cinema e na cultura alemã dos anos 70.
Morto em 82, aos 37 anos, por uma overdose que encerrou um longo período de desregramentos e intensidade criativa (mais de 40 filmes + peças + entrevisas e debates, em 16 anos) o cineasta polemista escolheu o próprio corpo como registro consciente de suas idéias e sua "obra".
Robert Katz conta em O Amor É Mais Frio Que A Morte, livro tido como uma das mais justas biografias de Fassbinder, como o artista fez do próprio corpo um discurso de contestação a moral vigente, deixando-se engordar, abstendo-se de barbear-se e negando a perícia da higiene alemã.
Fassbinder sabia-se figura pública internacional e significativa e foi aos poucos propositadamente desconstruindo-se (prefiro dizer fazendo-se), à exemplo de Rimbaud, para não trair seu asco por uma sociedade falsamente limpa.
Também amante da luxúria, Fassbinder afirmou que "o desleixo é o máximo do luxo". E, revelou-nos de tabela que o auge de toda nossa limpeza é a mais terrível sujeira.
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