terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Gênero Poesia

Poesia não é questão de gênero. Desde Safo, ao menos, esta que é a linguagem escrita mais experimental ultrapassa todos os sexos, todas as vertigens.
Por mais que tenha havido um predomínio masculino sobre esta arte pelo decorrer dos séculos, ela não se masculinizou definitivamente, deixando a “culpa” de tal evento às razões da história.
Dentro das grandes revoluções que modificaram o mundo a partir do século XVIII, entre as quais sem dúvida, como propõe Hobsbawm, a maior foi a revolução feminina, a palavra poética voltou a ser ouvida das mulheres até sua grande ovação com o Nobel concedido a Gabriela Mistral em 1945.
Mas na verdade as mulheres nunca deixaram de produzir poesia. Santa Tereza D’avila no séc. XVI e Emily Dickinson no XIX são dois dos melhores exemplos.
Como dito no começo, mais importante que o problema do gênero, do qual já tratam as ciências sociais, está para a poesia a questão de si mesma. Poesia é questão de poesia. E se ela faz referência alguma vez ao sexo de seus autores é apenas por necessidade expressiva própria, por funcionalidade discursiva, claro, numa análise estética/plástica como esta, que para toda arte é no mínimo coerente e, suspeito, a mais adequada.

2 comentários:

  1. Salve !
    Navegando pela grande rede sem rumo com a intenção de divulgar o meu blog cheguei até você e gostei do que vi.
    Já percebi que existem alguns blogs muito parecidos com o meu, ainda bem que estou no ar desde 2006 (até o layout é igual...falta de criatividade é um problema). No momento estou impedida de fazer leituras muito extensas, pois a claridade da telinha está prejudicando um pouco a minha visão, devo tomar um pouco mais de cuidado, mas em breve resolverei esse problema. Bem, já que estou aqui aproveito para convidar a conhecer
    FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... em
    http://www.silnunesprof.blogspot.com
    Eu como professora e pesquisadora acredito num mundo melhor através do exercício da leitura, da reflexão e enquanto eu existir, vou lutar para que os meus ideiais não se percam. Pois o maior bem que podemos deixar para os nossos filhos é o afeto e uma boa educação. Isso faz com que ela acredite na própria capacidade, seja feliz e tenha um preparo melhor para lidar com as dificuldades da vida. Com amor, toda criança será confiante e segura como um rei, não se violentará para agradar os outros e será afinada com o próprio eixo. E se transformará num adulto bem resolvido, porque a lembrança da infância terá deixado nela a dimensão da importância que ela tem.
    VAMOS TODOS JUNTOS PELA EDUCAÇÃO, NA LUTA POR UM MUNDO MELHOR !
    Se achar a minha proposta coerente, siga-me nessa luta por um mundo melhor. Peço que ao responder deixar sempre o link do blog, pois vez por outra o comentário entra com o link desabilitado ou como anônimo. Por causa disso fico sem ter como responder as pessoas.Os meus comentários também entram via e-mail, pois nem sempre a minha conexão me permite abrir as páginas: moro dentro de um pedacinho da Mata Atlântica, creio que mais alto que as antenas, com isso a minha dificuldade de sinal do 3G. Espero queentenda quando não puder visitá-lo.
    Daqui onde estou, os únicos sons que escuto aqui é o dos pássaros, grilos, micos., caipora, saci pererê, a pisadeira, matintapereira ... e outras personagens que vivem pela mata.
    Por hoje fico por aqui, já escrevi demais. Espero nos tornarmos bons amigos.
    Que a PAZ e o BEM te acompanhem sempre e que os bons ventos sopre, sempre a seu favor.
    Saudações Florestais !
    Silvana Nunes.'.

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  2. Antologia mexicana da poesia brasileira contemporânea recapitula impasses da crítica
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    MANUEL DA COSTA PINTO
    COLUNISTA DA FOLHA

    É NOTÓRIA a discrepância que existe entre o olhar que temos da literatura brasileira contemporânea e a visão de quem a contempla de fora -e isso é especialmente válido para o circuito fechado da poesia: basta lembrar que João Cabral de Melo Neto tem pouquíssimas traduções, enquanto versejadores irrelevantes já publicaram livros e foram incluídos em antologias que distorcem a recepção internacional de nossa literatura. Por isso, quando surge uma publicação que apresenta um panorama poético seguro e com conhecimento dos vetores da produção recente, ela deve ser saudada e lida com respeito.
    "Alguna Poesía Brasileña", antologia bilíngue do professor de literatura mexicano Rodolfo Mata e da historiadora brasileira Regina Crespo, seleciona trabalhos de 25 poetas para o público de língua espanhola. O critério de escolha foi geracional: compreende autores que surgiram entre os anos 60 e 80. Com um detalhe fundamental: os organizadores não levaram em conta a estreia dos poetas em livro, mas seu período formativo.
    Assim, Sebastião Uchoa Leite, Adélia Prado e Waly Salomão abrem a antologia, embora o primeiro tenha de fato publicado na década de 60, em edições restritas, ao passo que os outros dois estrearam na década seguinte. O argumento para esse recorte é que "a aparição de um livro na cena poética não faz com que seu autor pertença a um período diferente, pois sua formação continua sendo determinada pelo que lhe coube viver".
    Por aí se entende a perspectiva crítica dos antologistas, exposta num prólogo de Rodolfo Mata que interessará também ao leitor brasileiro: a ideia de que não se pode mais reduzir as linhas da poesia contemporânea a um diálogo intrapoético (a lírica modernista ou a experimentação concreta e seus respectivos epígonos) e de que se o contexto contracultural foi determinante para entender certas regularidades (tropicalismo, poesia marginal), o momento atual -pós-utópico (longe das prescrições vanguardistas) e globalizado (distante da questão nacional)- nos permite identificar individualidades com um enraizamento mais nuançado no momento histórico.
    De Francisco Alvim a Arnaldo Antunes, "Alguna Poesía Brasileña" não deixa de incluir poetas consagrados pelo viés formalista-sociológico e inclui nomes de extração surrealista (Roberto Piva) ou vertentes do sincretismo afro-brasileiro (Ricardo Aleixo), ao lado de autores menos consensuais, como Maria Lúcia Dal Farra ou Claudio Daniel. Entre inclusões e omissões, portanto, esse panorama equilibrado recapitula os impasses da crítica brasileira e suas discrepâncias internas.




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    ALGUNA POESÍA BRASILEÑA

    Organização: Rodolfo Mata e Regina Crespo
    Editora: Universidad Nacional Autónoma de México
    Quanto: 250 pesos (cerca de R$ 35), 416 págs.
    Avaliação: bom
    Onde encontrar: O livro pode ser encomendado no site www.cashum.unam.mx

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