terça-feira, 10 de agosto de 2010

Carne - KIWI


Foi com algum receio que assisti a estréia paulista do espetáculo da Cia KIWI, Carne, num congresso feminista dentro do colégio interno Pio XI, na Vila Madalena. Receio por dois riscos comuns ao teatro político/crítico/reflexivo: didatismo e complicação (o que é diferente de complexidade) discursiva.
Ao final, no entanto, grata surpresa, o que pude ver foi uma montagem muito equilibrada em que o referencial teórico implícito não sobrepuja uma boa organização imagética.
Todas as coisas estavam lá para alívio do público: a informação (crítica, denunciante) e a plasticidade de uma boa obra de arte – junção que ainda que pareça fácil tem sido das mais raras.
A proposta da KIWI é uma pesquisa, pela ação teatral, a respeito das relações entre capitalismo e patriarcado (o que necessariamente leva o grupo a destacar a mercantilização generalizada e os múltiplos exercícios de poder que regem a ordem social).
A mulher, centro do espetáculo, é vista de fora para dentro, por meio da explicitação de um enorme conjunto de símbolos que determinam sua experiência.
A encenação/representação, um tanto anti-teatral, mescla ainda linguagem jornalística, em leituras diretas de matérias sobre violência contra mulher, projeções visuais, canções reinterpretadas e excelente sonorização ao vivo criada por Eduardo Contrera.
Direção de Fernando Kinas, com Fernanda Azevedo e Mônica Rodrigues.
Ao final, de acordo com as intenções do projeto, há uma conversa temática com o público.

Um comentário:

  1. Parece bem interessante Carlos!

    Foi uma pena nao poder ir. E otimo quando se consegue eese equelibrio de sociologismo de genero e estetica artistica , no caso dramatica .

    Abraços

    ResponderExcluir